Dores

Talvez se a faca cortasse minha pele a dor não seria tão aguda.
Se o meu corpo ardesse em chamas, o calor não seria tão grande.
O castigo de Prometeu para mim seriam férias longas e prazerosas.
Onde despedaçar um coração pareceria nada mais que um quebra cabeças que qualquer criança consegueria resolver sem a menor preocupação.
As dores sentidas seriam menores que o momento em que meu coração se despedaça em dúvidas.
As dores sentidas não seriam nada perto do conflito duro dos sentimentos desconexos.
As dores sentidas de nada seriam úteis perto das encruzilhadas entre a razão e o coração.
Ele, o coração, por ora despedaçado, por ora remendado. Remendado de forma tal que sua forma ficaria irreconhecível.
O aço que cortaria minha pele não passaria de uma diversão infantil dos jogos de roda.
As confusões do sentidos seriam mais complexas do que qualquer trava lingua.
E as parlendas, seriam realidades numa realidade dura e seca.
As dores dos poetas, dos românticos, dos guerreiros.
As dores dos amores perdidos, dos amores impossíveis, das longas novenas das esposas, que não querem a viuvez precoce.
Os olhos marejados constantemente seriam puro e simples reflexos dos fluxo de alegria que vão se esvaindo, porém sem a certeza que será de novo preenchido.
As mãos, que outrora seriam instrumentos de prazer e sensações, hoje se nega ao mínimo toque.
A música se foi ao vento, e o que resta é o silêncio.
Sabio silêncio que espera sua hora perfeita para partir e trazer de volta as cores, os sons, os sorrisos e paz, necessária.

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