Era para ser

Era para ser tão somente um muro, daqueles que separam pessoas e vidas
Mas não, ele não queria ser só isso
Em seus desvairados sonhos, ele queria ser mais
Precisava de mais em sua tão simples existência
Desejava algo mais puro e mais interessante do que ficar parado, com sua finalidade e seu objetivo alcançado
Mas não sabia o que poderia ser, já que imóvel como era, não havia como agir ou mudar
E mesmo assim, tinha vontades e desejos incontidos e incontroláveis
Não bastava apenas loucura e coragem, precisava de mais
E sabia que sozinho não poderia
Pois, dentro de tudo tinhas suas limitações. Não sabia e não teria como seduzir, instigar, provocar
E mesmo com tudo contra não desistiu
Quando tudo parecia sem mudança e tudo tinha ficado no onírico, tudo muda em um segundo
Uma ideia, um novo olhar, uma nova vontade
E então, de repente deixou de ser quem ele era
E passou a ser a moldura perfeita para um quadro inesperado
Um quadro que jamais seria uma natureza morta, pois, em seu imóvel e frio lugar
Agora dava lugar para a vida que iria se reproduzir
E ainda mais, daria novas cores ao olhos de quem o fitava
Era para ser tão somente um muro, mas agora era quem fazia olhos brilharem, era quem destilava novas cores, e poria sorrisos largos nos lábios dos observadores

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